27/06/2007

por esses dias olho para o céu de Porto Alegre e lembro que nunca estive na Antártica. o céu é glacial e o sol uma mancha de luz entre as nuvens. a chuva fina e o vento sul congelam até os sonhos mais loucos. tempo de hibernação.

20/06/2007

afro-brasileiro-catequizado-politicamente-correto tem umas coisas esquisitas. não consigo entender essa parada de "resgatar as origens da cultura africana". afro-americano de New Orleans ou do Harlem (NY) tá andando pra África. pra que? aquela gente passa o tempo todo morrendo e matando em guerras estúpidas enquanto as crianças ficam ao sol cercada de moscas e secando de fome. o que há para aprender com eles?

06/06/2007

os europeus produzem os melhores vinhos do mundo e escreveram a maioria dos clássicos da literatura. mas os clássicos da literatura são vendidos em coleções da revista Caras, que dispensa comentários, e nas edições de domingo da Folha de São Paulo misturados aos classificados de carros, imóveis, empregos, putas e produtos de informática — desconfio que somente as celebridades e os desempregados lêem os clássicos. ahn... onde é que eu estava mesmo? ah, sim! os europeus, aqueles maloqueiros sofisticados que saquearam o Egito e o Oriente Médio, a Índia, a China e o Novo Mundo. levaram tudo: obras de arte, ouro, prata, pólvora, seda, deuses e lendas e pensamentos e outras coisas que desconheço e estou com preguiça de procurar no Google. do Brasil, os selvagens da Europa roubaram até as árvores! não restou nada: flor, fruto, semente, casca, caule ou raiz.

acredito que os europeus sempre se dedicaram a uma rotina de selvageria e destruição. aos domingos alimentavam leões com a carne dos escravos e cristãos. nas segundas pintavam capelas enquanto os padres queimavam livros e bruxas na fogueira. nas terças, depois de inventarem essa chatice de movimento social, cortavam as próprias cabeças na guilhotina. nas quartas escreviam os tais clássicos e contrabandeavam negros. nas quintas começaram a Primeira Guerra Mundial e, nas sextas, desenvolveram a fórmula da bomba atômica. aos sábados, além de se embriagarem com vinho, champanhe, absinto e cerveja quente nos pubs de Londres ou Dublin antes de começarem brigas entre torcedores de futebol, formaram as maiores bandas de rock de todos os tempos. mas até mesmo as maiores bandas de rock de todos os tempos deixam claro que os europeus são uns idiotas completos — os filmes Rattle e Hum (U2), Stoned (Rolling Stones) ou qualquer entrevista dos integrantes do Pink Floyd comprovam o que estou dizendo. isso sem falar dos Hunos que, bárbaros assumidamente bárbaros, foram um dos povos mais violentos e ávidos por pilhagens de que se tem notícias. ah! e não podemos esquecer dos "civilizados" franceses que tem como ritual simbólico de passagem de governo a entrega dos códigos que acionam as bombas nucleares.

e agora que escrevi sobre todas essas coisas profundamente absurdas e de extrema irrelevância, vou beber um vinho produzido nas vinícolas de Garibaldi, cidade localizada na Região da Serra desse país imaginário, o Rio Grande do Sul. o que me fez lembrar da importância do Iluminismo na consolidação dos sonhos republicanos em terras tupiniquins... mas essa já é uma outra história profundamente absurda e de extrema irrelevância.

04/06/2007

alguém disse uma vez — e deve ter sido um grego porque desconfio que aqueles caras disseram antes tudo que alguém poderia ou gostaria de dizer — que a arte e a filosofia são metáforas mais ligadas ao “humor da imaginação” do que a "loucura da razão". sinceramente, não faço a mínima idéia do significado dessa conversa tipo "concepção estética imobilizada" que parece algo assim na linha do "convencionalismo estreito e hostil a qualquer inovação", mas acho que faz sentido e é por essas e outras que opinião de 1) artista ou 2) filósofo ou 3) bam-bam-bam-em-qualquer-assunto é sempre uma chatice. talento ou inteligência nunca foram sinônimos de sensatez. Platão sacou isso e sugeriu que esses tipinhos esquisitos fossem expulsos da "Cidade Perfeita". nessa utopia, muito parecida com a sociedade imaginária de Thomas More onde todos vivem de mel, suco de frutas no canudinho, harmonia e conversa-fiada, Platão exila aqueles que pensam de forma alegórica. os artistas, filósofos e bam-bans servem apenas para aliviar a dor e a culpa da humanidade, e mais nada. sem dor e culpa, são inúteis. no paraíso não existem motivos para sonhar e todos vivem de olhos bem abertos desfrutando da realidade.

bom, mas chega dessa viagem por um tempo e uma galáxia muito, muito distante. vamos voltar para o fundo da caverna onde permanecemos sempre no mesmo lugar assistindo televisão. na caverna, gente esquisita é uma necessidade porque são eles que sempre encontram a saída e ofuscam suas retinas na fogueira da verdade e aquela coisa toda muita maluca e confusa com homens carregando estatuetas que Platão inventou — sem Elvis ainda estaríamos escutando MozARGHt e sem MozARGHt sei lá se um dia chegaríamos a Elvis. mas essas saídas não solucionam nossos conflitos reais. a arte muda apenas a estética da arte, o pensamento muda apenas a estrutura do pensamento, e assim vai para nenhum lugar. por sorte ou azar, algumas vezes todo o resto do mundo acaba pegando uma carona nessa transformação, como por exemplo, diminuindo o tamanho do biquini — o que já é uma evolução e tanto, vamos combinar!

os artistas e filósofos e acadêmicos sobrevivem da irresponsabilidade e da abstração. quando decidem se envolver com a realidade são tão falíveis quanto qualquer pessoa e só falam bobagem. Umberto Eco, Bono Vox e Gilberto Gil são a prova disso. melhor seria se todos eles tivessem a mesma atitude tô-nem-aí de Jim Carrey, que para espanto dos gregos disse uma coisa que eles não tinham pensado ainda: "não esperem que depois de um dia de trabalho como o meu, chegue em casa e vá levar o lixo pra rua!"

01/06/2007

Porto Alegre, zero grau. gripe, tosse, tosse, tosse e febre. sapatos, meias de lã, luvas, cachecol, dois blusões e uma jaqueta forrada com tecido super-ultra-moderno que prometia deixar o frio do lado de fora. meu organismo não entende nada dessas super-ultra-modernidades e continuava tremendo de frio. um vento gelado cortava todos os meus pensamentos e restavam apenas vontades dispersas como casa, café, chocolate, cobertor e televisão. segui em frente sem enxergar quase nada, com a cabeça completamente enfiada dentro de golas e dobras. muito esquisito caminhar pela rua escutando Radiohead gritando nos meus ouvidos "but i'm a creep, i'm a weirdo". casa, café, chocolate, cobertor e televisão. preciso me concentrar em outras urgências como aprender a tocar guitarra ou avisar ao mundo que, devido a um pequeno incidente, Deus já era! na real, foi sem querer e tudo ainda continua muito confuso na minha cabeça.

semana passada estava folheando uma revista quando descobri um questionário: qual a frequência que você fala com Deus? a) todos os dias; b) domingos e feriados; c) uma vez por mês; d) raramente; e) nunca. pensei um pouco e cheguei a conclusão de que falo com Deus no meio da noite sempre que estou com fome. tipo: seria legal se Deus fosse um entregador de pizzas. e não é que rolou? não Deus ou o entregador, mas a pizza! ahn... na verdade, essa parte é que ficou meio confusa.

de repente, uma pizza se materializou assim-do-nada-ali-do-meu-lado. uia! — concluí depois de refletir bastante sobre a situação. lembrei de Maria Rita: "vejaaaa, a qualidade está inferior... e pode acabar muito pior!" foi quando a pizza começou com uma conversa esquisita dizendo que era Deus e tal. a pizza, ou Deus, sei lá, tentava me explicar que costuma se apresentar como uma projeção de fácil compreensão para não provocar o caos, infartos, síncopes ou chamar atenção com sua forma resplandecente, ofuscante e etc... confesso que achei aquela conversa uma veadagem sem precedentes, mas já estou acostumado com essas crises de ego e acho mesmo que "viver tá me deixando louco e já não sei mais do que sou capaz!"

e aí? perguntou Deus. hmn? retruquei! o que você quer? eu? é! nada, acho. não deseja conhecer as respostas sobre a vida, o paraíso e a inspiração que levou a criação do universo e da música Shine On You Crazy Diamond, do Pink Floyd? ahn... na verdade, não me interesso muito por essas coisas. e se existem outras formas de vida inteligente no universo? e existem? sim, mas não são "outras". como assim? é que para definirmos como "outras", teríamos que aceitar os humanos como uma forma de vida inteligente e na classificação geral de inteligência no universo... bom, vocês são comparados com as pedras. ah... o que mais quer saber? ahn... isso aí por cima do queijo é rúcula?

enfim, acho que comi Deus... assim, no sentido gastronômico da coisa. e Deus tinha gosto de tomate seco com rúcula.