30/03/2007

ando fazendo cut/paste desse comentário de um blog para o outro há quase 20 minutos e cada vez que faço isso mais extenso ele fica. comecei no blog da Ane, mas reconsiderei e achei que devia publicar na origem do assunto, o blog do Marcos VP. mais tranquilo em relação ao endereço, comecei a teclar feito um doente. quando lembrei de respirar, meu comentário parecia uma invasão gaulesa em território desconhecido. re-reconsiderei e decidi recuar. voltei para o blog da Ane, que já está mais familiarizada com meus surtos psicóticos. respirei fundo mais uma vez e... mas publicar um comentário maior do que o post do autor não é muita cara dura? mas que merda! quer saber? cut/paste e vou publicar no meu próprio blog onde ninguém vai ler mesmo e posso dormir em paz.

e não é que durante essa semana os caras da classe-média-pensante-tri-conectada-atuante-e-quixotesca desistiram de salvar o mundo e desviaram os olhares raivosos para as declarações da super atrapalhada ministra Matilde Ribeiro, da Super Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial — ufa! consegui, e com todas as letras. como todos sabem, e quem não sabe que vá se informar, a super desqualificada ministra fez uma pequena-imensa confusão, muito comum em todos os setores desse super governo. o que ela estava querendo promover era uma discussão sobre o direito de vingança e não sobre o racismo. mas ela não tem culpa. estava na cara que essa proposta de igualdade que-e-como está sendo apresentada só vai fragmentar e radicalizar ainda mais as posições opostas. no Brasil, o debate sobre racismo está sendo conduzido sem nenhuma habilidade e de forma equivocada a todo momento, e por todos.

aceitei como um gesto de coragem da super posicionada ministra assumir claramente de que lado está, sem esse blá-blá-blá civilizado e enrolado que agrada aos intelectuais e que o resto da população não dá a mínima. também acho natural um negro não querer conviver com um branco ou não gostar de um branco. assim como também acho natural um branco não querer conviver com um negro ou não gostar de um negro. não pelas motivações que açoitam a super torturada ministra. ter idéias e opiniões formadas é o que nos torna singulares e plurais ao mesmo tempo. acho que isso se chama personalidade. acreditar que somos realmente todos iguais é um preconceito marxista e cristão meio demais pra minha cabeça. afinal, que porra é essa que nos leva a gostar e desejar o convívio com uma pessoa ou sabor ou perfume, e não qualquer outro? o que não é natural é todo mundo gostar de Acarajé ou Heavy Metal ou Baudelaire, e nenhum decreto ou discurso vai mudar isso. particularmente, acho a cultura negra um pé no saco, assim como alguns amigos negros acham Alanis Morisette uma doida varrida. também acho o comportamento gay uma frescura promíscua e vazia, assim como alguns amigos gays dizem que não passo de uma vadia reprimida que precisa de análise. e por aí vai e assim vamos, nos suportando, assumindo posições íntimas, tentando superar o medo, enquanto debochamos dos nossos próprios limites. somos transparentes, incolores, inconstantes, homogêneos, e o que nos aproxima está muito-muito-muito além desse horizonte míope e árido que a todo instante querem colocar entre nós.

enfim, sou gaúcho e, um pouco pior, porto alegrense. devo admitir que somos uns tipinhos preconceituosos — só toleramos os brasileiros por causa das praias. nem tente sugerir a superação de nossas referências étnicas e estéticas e culturais e sociais e políticas e afins porque é desilusão garantida. conviver pacificamente com as diferenças, ser tolerante e não discriminar, até acho possível e admirável — tenho minhas dúvidas, mas aí tudo bem porque até eu duvido das minhas dúvidas. só não esperem que um cara preconceituoso como eu vá levantar do sofá e sair defendendo gente que não conhece só porque eles são diferentes... ou iguais, nem sei mais, já ando confuso com todo esse barulho. no máximo, e se for com prazer, aceito convites para cafés, bares, baladas, viagens, noites de sexo, de qualquer espécie, desde que minimamente inteligentes e bem humorados. confesso: não tolero gente burra e que se leva a sério. e até provem o contrário, somos todos culpados e vítimas dessa coisa alarmante que se chama humanidade — ou seja, aquele velho e saudável hábito destrutivo que mantemos desde os tempos mais remotos, que é justamente o que nos diferencia dos camundongos. ou será que os camundongos também são iguais e... ah, esquece! vou lá dar mais umas gargalhadas enquando escuto aquela música do sempre militante-vigilante Rappa que rejeita "aquelas pessoas que pensam em se engrandecer de tal maneira que desprezam os humanos aqui da Terra" — sim, pra deixar bem claro que não são os humanos lá de Marte! fala sério... e ainda querem meu aplauso.

3 comentários:

Ane disse...

oh céus! só eu mesmo pra ler tudo isto e tentar entender... só mesmo porque sou loura e branquela!

Rogerio do meu coração, o teu discurso sobre diferenças e (in)tolerâncias está ótimo. O papo da ministra era outro. Ela falava de racismo. E racismo não tem necessariamente a ver com o teu discurso. É um comportamento doente e deplorável. Eu sou gaúcha, porto-alegrense (e loura), não lembro de ver racismo em POA, embora exista aí em Porto Alegre mesmo uma dose enorme de intolerância e arrogância e outras coisas que não importam. Eu vi racismo em um lugar que consta no mapa do Brasil, embora sua população deva ser contra este acidente geográfico. E por isso eu sei exatamente a diferença. Felizmente aquele ponto no mapa não significa o meu país. Eu sou porto-alegrense e tenho lá minha boa dose de intolerância, uma delas e com relação ao racismo. Por outro lado, adoro que as pessoas de qualquer cor ou credo mantenham suas cadeiras de praia a uma certa distância da minha para que eu possa ler meu Baudelaire em paz debaixo do sol carioca, sem precisar escutar funk ou pagode - isto é diferença e intolerância (que eu apóio e defendo). Racismo seria alguém arrancar de minhas mãos o meu livro e dizer que com minha cor eu deveria estar lendo outra coisa.

E deu. Meu comentário já deve estar quase maior que o teu post... vou lá pra varanda do Sergio beber cerveja gelada olhando pro Cristo. Que por acaso é branquinho branquinho.

;)***
Beijos!!!

Anônimo disse...

Ane,
hmn, ahn... racismo não é um tipo de intolerância? vixi, fiz a maior confusão! sabia que não devia me meter nesse assunto... tá decidido: vou parar de fumar maconha e ler blogs ao mesmo tempo!
beijos

Ane disse...

hahahaha!!!
conselho: só pare de ler blogs.
beijo, guri.