18/05/2007

estou vivendo um quadro clínico interessante. minha única dúvida é se tenho experimentado momentos de loucura intercalados com o que ainda resta da minha lucidez ou momentos de lucidez intercalados com o que ainda resta da minha loucura. as coisas andam estranhas. o rádio tocava Neil Young, e estava pensando como é incrível alguém ainda escutar Neil Young nos dias de hoje, quando fui atingido por um desses insights que aparecem sabe-se lá de onde e descobri porque a relação entre Benigno e Alicia realmente não poderia acabar em coisa boa. se queremos que uma história assim termine bem, o nome do filme não deveria ser "Fale com ela" e sim "Deixe ela falar" — escutar é a lição número 4 de Nanny McPhee, mas isso acontece em outro filme e o tal Benício não deve ter assistido. e além de falar e falar e falar o enfermeiro mostrou-se um cara pouco ambicioso ao transar com uma mulher que nem se mexia na cama. sem a afetação desnecessária de traçar paralelos com os arquétipos gregos ou as teorias de Jung, fica careta que a relação de Benício e Alicia era problemática. de um lado temos um profissional dedicado e respeitado, parceiro ativo e protetor, que eventualmente levava Alicia para tomar sol. do outro lado uma criatura vivendo um silencioso estado de inconsciência e apatia. o resultado era um sexo na modalidade "abre as pernas coração" e uma convivência unilateral de idéias e desejos e aquelas coisas todas angustiantes que movem os humanos... que doideira! — pensei enquanto assistia aquela bagunça não-autorizada dentro da minha cabeça. assim já é demais para uma sexta-feira e comecei a questionar se não deveria diminuir a quantidade de café e cigarros, buscar ajuda em divãs, remédios de tarja preta ou a segurança de uma camisa de força, quando rolou um Pink Floyd e comecei a relaxar. desliguei o rádio e voltei para o trabalho.

6 comentários:

Ane disse...

tenho um presente especial pra ti aqui: http://formiguinha.wordpress.com/

Ane disse...

Olha só...
Neil Young é e sempre será uma das melhores coisas da vida. Escutá-lo não é incrível, é necessário. Sim, nos dias de hoje, principalmente. Queria que eu ouvisse o quê? Tania Mara?

Outra coisa...
"Fale com ela" é um dos melhores filmes de minha vida. Fique em silêncio enquanto eu falo sobre isto. Tua sorte é que sou curta em comentários. Se fosse pessoalmente eu falaria dias e dias sobre a intensidade e a necessidade daquele baita filme.

Por último...
Eu dei risada por aqui e já roubei a frase genial.

Beijo, Coiso.
E vê se toma jeito.

Anônimo disse...

Cheguei aqui por intermédio de Ane Aguirre. Se você tem razão? Sabe que eu não sei?

Anônimo disse...

Ane
esse é o espírito da coisa! eu seria capaz de ficar dias e dias escutando você falar sobre o filme. por isso nossa amizade já tem um final feliz e transcende idealismos, lógicas e realidades. foi escutando a sua história que aprendi a admirar você. ahn, apesar do Neil Young e outras paradas literárias esquisitas.
beijos!

Geraldo,
abandonei a razão faz tempo! descobri que a dúvida é muito mais divertida.
abraços!

Anônimo disse...

E eu não sei? Vai me visitar que entenderá melhor.

Silvia Chueire disse...

Cá entre nós, se não pelo lado Neil Young da coisa, a Anne tem toda a razão. O filme é antológico! As cenas em preto e branco ( que eu suponho são também um tributo à psicanálise) são uma coisa incrível. É ali que compreendemos como a imagem fala mais do que as palavras. Mas, tá bem, não vou me alongar.É um filme de amor. E dos ótimos!
E depois tem...Ah, deixa pra lá, comentário longo cansa. : )

Beijos,
Silvia