30/03/2007

ando fazendo cut/paste desse comentário de um blog para o outro há quase 20 minutos e cada vez que faço isso mais extenso ele fica. comecei no blog da Ane, mas reconsiderei e achei que devia publicar na origem do assunto, o blog do Marcos VP. mais tranquilo em relação ao endereço, comecei a teclar feito um doente. quando lembrei de respirar, meu comentário parecia uma invasão gaulesa em território desconhecido. re-reconsiderei e decidi recuar. voltei para o blog da Ane, que já está mais familiarizada com meus surtos psicóticos. respirei fundo mais uma vez e... mas publicar um comentário maior do que o post do autor não é muita cara dura? mas que merda! quer saber? cut/paste e vou publicar no meu próprio blog onde ninguém vai ler mesmo e posso dormir em paz.

e não é que durante essa semana os caras da classe-média-pensante-tri-conectada-atuante-e-quixotesca desistiram de salvar o mundo e desviaram os olhares raivosos para as declarações da super atrapalhada ministra Matilde Ribeiro, da Super Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial — ufa! consegui, e com todas as letras. como todos sabem, e quem não sabe que vá se informar, a super desqualificada ministra fez uma pequena-imensa confusão, muito comum em todos os setores desse super governo. o que ela estava querendo promover era uma discussão sobre o direito de vingança e não sobre o racismo. mas ela não tem culpa. estava na cara que essa proposta de igualdade que-e-como está sendo apresentada só vai fragmentar e radicalizar ainda mais as posições opostas. no Brasil, o debate sobre racismo está sendo conduzido sem nenhuma habilidade e de forma equivocada a todo momento, e por todos.

aceitei como um gesto de coragem da super posicionada ministra assumir claramente de que lado está, sem esse blá-blá-blá civilizado e enrolado que agrada aos intelectuais e que o resto da população não dá a mínima. também acho natural um negro não querer conviver com um branco ou não gostar de um branco. assim como também acho natural um branco não querer conviver com um negro ou não gostar de um negro. não pelas motivações que açoitam a super torturada ministra. ter idéias e opiniões formadas é o que nos torna singulares e plurais ao mesmo tempo. acho que isso se chama personalidade. acreditar que somos realmente todos iguais é um preconceito marxista e cristão meio demais pra minha cabeça. afinal, que porra é essa que nos leva a gostar e desejar o convívio com uma pessoa ou sabor ou perfume, e não qualquer outro? o que não é natural é todo mundo gostar de Acarajé ou Heavy Metal ou Baudelaire, e nenhum decreto ou discurso vai mudar isso. particularmente, acho a cultura negra um pé no saco, assim como alguns amigos negros acham Alanis Morisette uma doida varrida. também acho o comportamento gay uma frescura promíscua e vazia, assim como alguns amigos gays dizem que não passo de uma vadia reprimida que precisa de análise. e por aí vai e assim vamos, nos suportando, assumindo posições íntimas, tentando superar o medo, enquanto debochamos dos nossos próprios limites. somos transparentes, incolores, inconstantes, homogêneos, e o que nos aproxima está muito-muito-muito além desse horizonte míope e árido que a todo instante querem colocar entre nós.

enfim, sou gaúcho e, um pouco pior, porto alegrense. devo admitir que somos uns tipinhos preconceituosos — só toleramos os brasileiros por causa das praias. nem tente sugerir a superação de nossas referências étnicas e estéticas e culturais e sociais e políticas e afins porque é desilusão garantida. conviver pacificamente com as diferenças, ser tolerante e não discriminar, até acho possível e admirável — tenho minhas dúvidas, mas aí tudo bem porque até eu duvido das minhas dúvidas. só não esperem que um cara preconceituoso como eu vá levantar do sofá e sair defendendo gente que não conhece só porque eles são diferentes... ou iguais, nem sei mais, já ando confuso com todo esse barulho. no máximo, e se for com prazer, aceito convites para cafés, bares, baladas, viagens, noites de sexo, de qualquer espécie, desde que minimamente inteligentes e bem humorados. confesso: não tolero gente burra e que se leva a sério. e até provem o contrário, somos todos culpados e vítimas dessa coisa alarmante que se chama humanidade — ou seja, aquele velho e saudável hábito destrutivo que mantemos desde os tempos mais remotos, que é justamente o que nos diferencia dos camundongos. ou será que os camundongos também são iguais e... ah, esquece! vou lá dar mais umas gargalhadas enquando escuto aquela música do sempre militante-vigilante Rappa que rejeita "aquelas pessoas que pensam em se engrandecer de tal maneira que desprezam os humanos aqui da Terra" — sim, pra deixar bem claro que não são os humanos lá de Marte! fala sério... e ainda querem meu aplauso.

29/03/2007

algumas palavras parecem envelhecer e cair numa espécie de limbo anacrônico — não me pergunte o que é isso, acabei de inventar ou li em algum lugar. mas limbo e anacrônico são dois bons exemplos. estereótipo, manifesto, retórica e revolução, também mereciam a aposentadoria. algumas palavras parecem ficar cansadas. exclusão, inclusão, globalização, virtual, digital, solidariedade, transcendental, já encheram o saco. toda vez que escuto, me dá um treco e quase paro de respirar. enfim, my computer, chega de castigar o tempo com digressões piradas embaladas por Radiohead. criaturinhas verdes ao redor começam a gesticular e promover uma série de barulhinhos esquisitos com os dentes, nervosas com a proximidade do fim de prazo para entrega de mais um trabalho.

28/03/2007

estou chegando na casa dos 40 sem paciência para dividir espaço, combinar horários, elaborar malabarismos diários para desviar do tédio e administrar crises de estereótipos inspirados em seriados como Sexy and the City e Desperate Housewives. na cabeceira, sai Balzac, entra Prozac.

27/03/2007

a liberdade de expressão me faz perceber o quanto gosto do silêncio. todo mundo tem um palpite. são todos surdos e cegos. infelizmente não são mudos.

23/03/2007

aconteceu que hoje levantei da cama com o pé esquerdo e depois de duas xícaras de café e cinco cigarros me dei conta de que enlouquecer aos poucos não faz nenhum sentido. de repente, me vi envolvido em reflexões filosóficas do mais alto grau. coisa séria mesmo, repleta de argumentos divergentes e bem estruturados. servi uma dose generosa de uísque, com pouco gelo. olhei para o relógio. como não era nem meio-dia de uma sexta-feira, achei que seria prudente colocar mais gelo no uísque porque a coisa estava ficando crítica demais — detesto trabalhar nas segundas e sextas. pensando bem, também detesto trabalhar nas terças, quartas e quintas. mas isso não interessa para a continuidade dramática do texto.

confuso emocionalmente, tentei uma solução simples. uma técnica que desenvolvi ao longo dos anos e sempre utilizo quando preciso me esquivar de qualquer processo de análise que me coloque contra a parede. comecei elaborar mentalmente uma sequência de coisas que não me levasse para nenhum lugar: essa cidade, eu conheço cada esquina, cada calçada, suas casas, cores, lixeiras, a gurizada brincando na rua, bola furada, bicho-de-pé, telhas francesas, janelas e cortinas, tomadas, geladeira, TV, mesa e quatro cadeiras... não deu certo. nenhuma dignidade existencial à vista.

what fuck? que transtorno obsessivo-compulsivo-psicótico-patológico-inoportuno é esse? — e preciso me matricular num curso de inglês, urgente! então, numa demonstração espantosa de habilidade, organização e instinto de preservação, consegui ignorar o desejo involuntário de elaborar qualquer tipo de pensamento. procurei desesperadamente reagrupar meus esforços, direcionados na manutenção do pouco que ainda me restava de concentração, equilíbrio, coordenação motora e mental. o uísssqui já coemebava fazer efeitos irremediabeis misturado com toda quela doideira intelecutual. estaba bicando meio donto. desliguei o Windows Media Player. uai! que silêncio. quanto vácuo tridimensional ilimitado e infinitamente grande. vi outro dia no Houaiss, o espaço é quase poesia. sei lá, quando a cabeça fica girando sem sair do lugar, o melhor a fazer é cortar a cabeça. como essa deve ser uma daquelas decisões com consequências traumáticas, acho que aproveitarei que estou temporariamente incapacitado para qualquer atividade e vou apenas cortar o cabelo.

22/03/2007

mas que merda! mais um dia Internacional de Não Sei o Quê. nem saímos de uma armadilha e já tem outra. é por isso que provoquei minha eutanásia moral. agora sou um cidadão omisso, livre da incômoda responsabilidade social. tudo bem, podem mandar me fuzilar. passei a manhã inteira escutando Engenheiros do Hawaii no volume máximo e estou pensando seriamente em me transformar num hipopótomo para ficar mergulhado numa poça de lama, pacificamente, sob o sol, o resto do dia. não, nada de anormal. só ando de saco cheio dessa paranóia fundamentalista que transformou essa tal de "igualdade" numa espécie de dogma defendido por um blá-blá-blá interminável. quem eles pensam que são? amigo, chega de conversa. muito prazer, meu nome é Otário e quero o direito de não ser igual a ninguém e inventar a minha própria liberdade sem saber onde isso vai dar. sem motivos nem objetivos, vivo, e é tudo. um hipopótamo. é isso, perfeito! a espécie de mamífero africano que mata mais seres humanos a cada ano.

21/03/2007

Lula - biografia não autorizada

outro dia estava almoçando com o Lula, numa daquelas minhas inúmeras viagens, e fiquei convencido de que aquele é um homem ainda atormentado pelo sonho juvenil de mudar o mundo. como todos sabem, mudar o mundo é uma chatice e com o passar do tempo todos que embarcam nessa aventura ou 1) ultrapassam a barreira dos 40 anos fumando maconha ou 2) se transformam em professores de filosofia ou 3) leitores da Carta Capital ou 4) esquerdistas alucinados infiltrados entre os ativistas do Greenpeace e WWF. opções pouco prováveis para alguém com habilidades psíquicas e motoras abaixo da média — Lula confessou que deixou a barba crescer depois de cortar um dedo ao se barbear com um Prestobarba, contrariando a tese sustentada por um amigo meu de que ele teria comido o dedo, por engano, enquanto tentava roer as unhas.

após esse trágico episódio, Lula abandonou a idéia de investir em profissões complexas que demandavam a utilização de pequenos objetos perigosos como calculadoras, tesouras e grampeadores. sujeito determinado, decidiu fazer algo que não estava muito acostumado, ler os clássicos, e começou pelas frases de pára-choques de caminhões. foi quando descobriu sua real vocação: a presidência da república. a frase que o inspirou, e desconfio que a todos os presidentes latino-americanos, foi a manjada "só sei que nada sei", pronunciada por Sócrates ao afirmar que a primeira e fundamental verdade filosófica é admitir plenamente a própria ignorância.

para quem saiu do fim do mundo, localizado mais precisamente em Garanhuns, Pernambuco, a sentença de Sócrates é um coice e provoca uma inclinação nostálgica revelada através da amargura no olhar. Lula resiste furiosamente ao fato de ser apenas um retirante desqualificado que se tornou um dos burocratas mais festejados pela esquerda nonsense do país por absoluta falta de alternativas. enquanto numa outra dimensão, da qual nada sabemos nem suspeitamos existir, um ex-líder sindical se contorce de raiva com a oportunidade perdida pelo herói solitário com superpoderes inimagináveis, protagonista na luta do bem contra o mal, protegido por uma máscara que ocultava sua verdadeira identidade de simples trabalhador.

acontece que nem todos os sonhos podem ser realizados e é necessário que eles deixem de existir para abrir espaço para outros sonhos. Lula não percebeu isso e continua enfrentando a realidade com a cabeça de um astronauta. mas ele não está sozinho. na Sala da Justiça, onde se reunem todos os super-pirados do mundo moderno, papilas degustativas produzem saliva com um leve sabor de vingança toda vez que Hugo Chavez brinca de anti-herói na maior cara dura... hmn, ou seria quando assistem as aventuras do Chapolin Colorado? nunca sei quem é quem.

O presidente, em particular, é simplesmente uma figura pública: não detém nenhum poder. Ele deve é possuir um sutil talento para provocar indignação. Por esse motivo, o presidente é sempre uma figura polêmica, sempre uma personalidade irritante, porém fascinante ao mesmo tempo. Não cabe a ele exercer o poder, e sim desviar a atenção do poder.

* O Guia do Mochileiro das Galáxias - Douglas Adams

20/03/2007

quanto?

ou seja, a questão fundamental.

qual a resposta para 99% das perguntas? dinheiro.

Vanilla Sky - Cameron Crowe, 2001

19/03/2007

por que?

ou seja, a questão da vida.

cada espermatozóide é sagrado
cada espermatozóide é maravilhoso
se um espermatozóide é desperdiçado
Deus fica completamente irado


The Meaning of Life (O sentido da vida) - Monty Python, 1983

16/03/2007

a pirataria de CDs, softwares, games, gatos da NET e compartilhamento de arquivos na web, são as únicas manifestações de rebeldia nos dias de hoje. inclusão digital, descentralização da informação e acesso ao estilo de vida que todos merecem — na porrada! satisfação imediata das ambições de entretenimento dos marginalizados e não aquela sub-cultura representada por intermediários idealistas e suas oficinas de graffiti e capoeira e cineminha aos domingos nos centros comunitários. constrangidos, aqueles que se sentem ofendidos pela barbárie, não protestam com muita convicção, receosos de que seus argumentos justifiquem uns 100 anos de perdão.

15/03/2007

decidi desenhar um mapa do inferno. preciso me localizar quando chegar por lá. pesquisei informações no site do Institute for Geophysics, Astrophysics, Multimedia, Unidentified Flying Object and Meteorology, localizado em Los Angeles, e descobri que o clima no inferno é muito próximo de uma queimada na Jungle Amazônica. o calor é insuportável e o hipermercado mais próximo não vende filtro solar nem shampoo para cabelos ressecados nem creme hidratante — nem cigarros! a cerveja é sem álcool, nada de Coca-Cola e a dieta é 100% macrobiótica. todos os garçons são franceses e praticam happy slapping com os clientes, enquanto filmam tudo para depois publicar na internet. todo dia é segunda-feira e a rádio local executa Funk e Hip-Hop sem parar. a leitura é obrigatória. na biblioteca só tem livros do Nelson Motta e do Paulo Coelho. todos os celulares tocam aquele ringtone da Missão Impossível e as ligações são sempre de algum serviço de telemarketing. pitbulls e poodles e torcidas organizadas desfilam livremente. George Boole trabalha na única Central de Atendimento ao Turista e, não importa qual seja a sua dúvida, ele sempre responde 1 ou 0. como tudo por lá é muito emblemático, todos acabam achando significado até onde não tem: baobá-paralelo, pipoca-transcedental, underground-apocalyptic-clubber, fazem muito sucesso. e voilá! nos finais de tarde o Diabo sempre aparece numa cortina de fumaça exibindo um sorriso inabalável — vixi, confundi tudo. na verdade, a aparição é da Britney Spears. a segurança do inferno fica sob os cuidados da supercompetente polícia carioca que atira pra todos os lados. o conceito de bala perdida não existe. de hora em hora rola uma passeata: gays, negros, judeus, losers, índios, aposentados, camelôs, putas, as ovelhas de Cristo, todos organizados, na mais perfeita ordem, enquadrados dentro do esquema, lutando pelos seus direitos. leitores de jornais e revistas exigindo mais expressão e menos liberdade, e um grupo que não sabe muito bem o que é nem onde nem quando nem o que está acontecendo e quer continuar sem saber, também participam das manifestações. do caralho! é a expressão mais utilizada e você não consegue distinguir exatamente a que se refere: a) as celebridades e azelites sendo torturadas no caldeirão de enxofre fervente ou b) a pancadaria generalizada entre compositores de trilha sonora para filmes pornô e os tietes das prateleiras de literatura estrangeira, que se esbofeteiam discordando sobre quem foi mais significativo para a história da humanidade: Emmanuelle ou Sartre. e rola uma parada muito esquisita no inferno: Deus, em sua infinita bondade, libera programas no paraíso uma vez por semana, mas só através do sistema Pay-per-view.

13/03/2007

e não é que inventaram uma filosofia de vida baseada na simplicidade voluntária? como ando vivendo na simplicidade involuntária há muito-muito-muito-tempo, acho que essa frescura tem tudo pra não dar certo. sou muito mais a Cientologia, aquela piração do Tom Cruise, que ninguém sabe muito bem o que é e nem pra que serve. dizem que pra ser um cientólogo basta preencher um questionário maneiro e comprar um ou dois livrinhos de poucas páginas, com muitas ilustrações e letras garrafais. mas com um cientólogo não se brinca, são pessoas com dons espaciais — opa! especiais, que estão dispostos a usar sua capacidade infinita para evoluir. nos níveis mais elevados, eles se libertam do universo físico e conseguem controlar a matéria, energia, espaço e tempo. dá até pra mudar de canal sem usar o controle remoto. não é o máximo?

12/03/2007

só agora tomei conhecimento de que a revista IstoÉ elaborou uma lista com os nomes dos 100 brasileiros mais influentes de 2007 — quase tive uma labirintite tentando entender esse 2007, achando que o correto seria 2006, procurando lembrar desesperadamente o ano em que estamos. será 2008? como esse detalhe cronológico não tem nenhuma importância, segui em frente. conferindo um por um os nomes citados percebi que a minha decisão, aceitar pacificamente a vida como ela é e o Brasil do jeito que está, faz sentido. só achei uma injustiça o Kibe Loco ser o único blogueiro mencionado. Cora Rónai, com sua indefectível trupe de felinos adestrados exibidos em jabás de celulares-tri-bacanas, e Gravatá, colunista da fake-society-conectada-e-sabe-se-lá-mais-o-que, também mereciam figurar ao lado de Bruna Surfistinha e todos aqueles influentes cidadãos desse país que provoca uma vontade de levantar da cadeira e agir com determinação e... hmf, pensando bem, melhor deitar no sofá e deprimir mais um pouco.

11/03/2007

na pequena paisagem do mundo que me cerca, vejo uma papelaria, uma petshop, três bancos e dois restaurantes, além de um punhado de lojas com as fachadas castigadas pelo tempo. há muitos carros parados. também há muitos ônibus, com letreiros luminosos indicando como destino final o centro da cidade. uma multidão de pessoas se desloca, de esquina a esquina, sem olhar para o céu. um inseto investe contra a janela do carro.

há quanto tempo estou parado? esperando chegar atrasado. o humor oscilando entre o tédio e inúmeras crises de vaidade — por que todas essas pessoas querem atrapalhar o meu plano perfeito para um final de tarde ao seu lado? não pretendia salvar o mundo, só ganhar uns trocados. nunca se sabe o que pode acontecer. estou esperando horas e horas por isso. mas é melhor deixar a psicanálise para outra oportunidade. não devemos pronunciar o nome de Freud em vão. mas que numa dessas descubro uma idéia genial perdida na massa de bobagens que penso por minuto... ah, tudo pode acontecer. é certo que vou esquecer. minha falta de memória não é nada confiável e vai e vem entre rescaldos, janelas, quatro paredes de azulejo, secas, quadradas, como se fosse Luiz Paulo Vasconcellos comendo pelas beiradas ou a tristeza é uma rendição e é necessário encontrar substitutos, como em Elizabethtown, poemas sem aplausos, páginas viradas da revista Rolling Stone, Seattle com conexão-sei-lá-de-repente Porto Alegre, fronteiras invisíveis, cerâmica de Marianita, potes antropomorfos, pictures of you e todos os sinais fechados.

Paulo Francis estava certo: devemos tratar as pessoas como adultas — e isso não é uma ofensa! é quase um delírio, com esse desfile de ONGs subindo favelas, discursos inflamados que não incendeiam nada, promessas de inclusão e ressociabilização. a nova catequisação daquela quase-gente-brancos-pardos-ou-negros nem sempre quase-certos-ou-errados. a pobreza é auto-explicativa. mas a culpa esquizofrênica de uma velha juventude, que imaginou uma revolução que não aconteceu, está transformando o Brasil num país de boçais. right you are, if you think you are. sim, outra viagem. há quanto tempo estamos parados? o sinal abriu — já vi, não precisa buzinar!

09/03/2007

capitais brasileiras protestam e queimam bonecos de BushBelém, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre... em São Paulo, cerca de 10 mil manifestantes fecharam a Avenida Paulista para protestar contra a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
(G1 - 8 de março)

protesto contra impunidade reúne dezenas de pessoas em Copacabanaquem caminhava no calçadão foi convidado a participar do protesto contra a violência e a impunidade.
(G1 - 17 de fevereiro)

ah, sim, claro: fora Bush!

08/03/2007

e a nova onda são os ProBloggers. como sempre, quando surge uma novidade na internet, os profetas... ahn... profetizam: corra pra sala e jogue sua TV no lixo! mas os blogueiros que aderem ao GoogleAdSense devem estar preparados para incidir — nem sei bem se o termo é esse, mas estou com preguiça pra pensar! — no mínimo em três pecados capitais e contrariar umas 17 regras básicas de desaaaaaine e navegabilidade. se ter um blog já é uma doença, transformar um blog num cabide de anúncios é caso de internação.

07/03/2007

aquele povo todo muito-vivo amontoado atrás do trio elétrico, calor, suor, cerveja quente, axé, axé, axé e axé! passar o carnaval na Bahia é muita vontade de ser feliz. acho que não tenho tamanha força de vontade assim.

06/03/2007

agora estão criticando o governo pelos gastos com Fernandinho Beira-Mar. não demora muito e vai aparecer um gênio dizendo que ele é mais um brasileiro sem oportunidades, um revolucionário da periferia marginalizada, vítima de um processo de exclusão e blá-blá-blá. aí, Arnaldo Antunes vai poder compor mais uns versinhos doentes rimando Nietzsche e Simone de Beauvoir com Fernandinho Beira-Mar. tudo na mais perfeita ordem! mas engraçado mesmo foi assistir o desabafo de um chefe de departamento da Polícia Federal expondo argumentos que atestam o desvio de função por escoltar um dos criminosos mais perigosos do país. claro, a função da Polícia Federal é dar carteiraço em inofensivos funcionários de postos de pedágio.
como todos sabem, sou um habilidoso connaisseur e posso afirmar: Smirnoff Ice é a mistura de vodka-limão-detergente-para-lavar-louças mais gostosa que existe!

02/03/2007

dubiridu odaridau
darun iunoudiridiu teidonoudiu
diuriloun dounou diurounou daaa
iudain dirilou iuaudaun


hoje pela manhã estava jogando golfe com o Elton John e depois de uma tacada a bolinha atingiu em cheio um esquilo que tentava compreender os mistérios da vida e do sabor das nozes, numa floresta ali perto. olhamos um para o outro intrigados com aquela situação. então, ele perguntou:
— you he's partner of this club? — Elton John é um britânico com sotaque da região de Salisbury, onde foram registrados os casos mais recentes de vacas loucas e aparições de discos voadores junto das famosas Hanging Stones, exemplo clássico das civilizações megalíticas citadas por Hecateu de Abdera na sua História dos Hiperbóreos, como é de conhecimento de todos.
— claro que não, tá sonhando? — falei em português com sotaque de uma pessoa pouco esclarecida e de uma região sem importância alguma, pouco frequentada por OVNIs, no máximo, umas ovelhas distraídas.
— not! who's dreaming is you! — exclamou Elton John, desaparecendo logo em seguida, juntamente com o campo de golfe, a floresta e o esquilo. bruscamente, e quando escrevo "bruscamente" quero informar que foi de forma totalmente imprevisível e inoportuna, acordei com a cara colada naquele negócio gelado que parecia ser o piso da cozinha. que negócio gelado era aquele? gelado e úmido. e não é que era mesmo o piso da cozinha!? fiquei sem entender muita coisa, como se tivesse sido atingido por um bolinha de golfe enquanto pensava nos mistérios da vida e do sabor das nozes.

Fora da lei (Ed Mota)

01/03/2007

mas o governador do Rio, héin! teve uma idéia genial: legalizar o comércio e consumo de drogas. finalmente as "atoridadi" encontraram um antídoto contra a violência e o tráfico. logicamente, a venda de maconha, cocaína, crack, cogumelos, inalantes químicos e afins não será permitida para menores de 18 anos — todo mundo sabe como a fiscalização tem funcionado muito bem no caso das bebidas alcoólicas e cigarros, e nenhum jovem jamais foi visto embriagado ou fumando. depois devemos legalizar também o comércio e consumo de CDs, DVDs, softwares, componentes eletrônicos e de informática, acabando de uma vez por todas com o contrabando, a pirataria e a ilegalidade desses produtos — que audácia venderem coisas sem o selo do INMETRO pelas calçadas do centro da cidade. e, tipo, até, o governo poderia realizar um referendo com aquelas perguntas legais: o comércio de drogas deve ser proibido? aí todo mundo vai poder responder que não achando que está respondendo que sim ou talvez ou sei lá! tudo muito perfeito e sob controle. não sei como ninguém pensou nisso antes.