31/01/2007

quem sou eu?

hoje acordei numa crise existencial sem precedentes e decidi que preciso saber que tipo de pessoa é Rogerio B. -- definitivamente... pelo menos até a próxima crise. adaptando a situação daquela piada, fiquei pensando: estou no avião. esqueça os "por ques?", simplesmente estou no avião com o atual grande amor da minha vida, o meu melhor amigo e uma velhinha bem miudinha e toda enrrugadinha (daquelas tri-gente-boa que dá vontade de levar pra casa e colocar dentro de um aquário!). piloto? não tem piloto nessa história. uma falha nas turbinas provoca a queda do avião. desespero, gritaria, pânico, terror, uma certa dose de exagero. encontro o único pára-quedas no avião. o que fazer?

entrego o pára-quedas para a velhinha -- pequenas atitudes transformam o mundo. depois, se sobreviver (a vida tem seus mistérios!), faço o Caminho de Santiago, nunca mais compro Coca-Cola e participo de todos os boicotes idealizados por chatos que acreditam que a liberdade de alguém, que está cagando para minhas convicções, sofreu algum tipo de agressão imperialista!

meio sem noção das coisas, ou de como elas realmente são, entrego o pára-quedas para o atual grande amor da minha vida, que vai pular, aterrisar suavemente, fazer análise pra superar o trauma (da queda, não da perda!) e guardar todas as recordações numa caixinha no fundo de um armário, aceitar convites e conselhos do tipo "a vida continua", sair pra balada e arrumar um outro atual grande amor bem mais interessante e melhor de cama.

entrego o pára-quedas para meu melhor amigo, indiferente aos gritos incrédulos do atual grande amor e da velhinha no aquário, que desferem socos e desaforos afirmando que sou insensível e prefiro a companhia de bêbados que nunca saíram da adolescência.

mas se eu fosse a criatura razoável que acredito ser, analisava todas as possibilidades e depois pulava com o pára-quedas. afinal, 1) a velha já estava pra morrer mesmo, 2) qualquer atual grande amor perdoaria uma pequeno deslize como esse e 3) o meu melhor amigo, que sabe que não presto mesmo, não poderia esperar outra atitude da minha parte.

ou então, aproveitava e finalmente me transformava num grande empreendedor. jogo o pára-quedas do avião -- é preciso saber enfrentar os problemas de forma adulta. um cara que já leu a sinopse de "Quem mexeu no meu queijo?" sabe que nas adversidades encontramos as melhores oportunidades. uma rápida pesquisa de mercado indicaria que o público presente está perplexo com a dura realidade do mundo e pagaria qualquer valor por apoio espiritual. inauguro uma seita evangélica ali mesmo e anuncio solenemente: "Jesus salva! mas só eu vendo os ingressos para os camarotes!". em seguida, todos morrem abraçados no meu pescoço.

6 comentários:

Silvia Chueire disse...

Marketing hoje em dia está cada vez mais...er...agressivo? Faz nexo sua história. Se outros , se outros matam, se outros mentem, porque vc não haveria de jogar o para quedas ? Dá o maior Ibope, ouvi dizer.

Agora, cá entre nós, sendo um ego espectral fica aind mais fácil, né não? : )

Bon voyage!

Silvia Chueire disse...

Lá no início da terceira frase era assim : " se outros morrem, se outros matam..."
Pronto. Tá corrigido. : )

Anônimo disse...

Silvia,
na verdade (e sempre que vou contar uma mentira começo com um "na verdade"), não tenho dúvidas: pulo com o pára-quedas. empreendedorismo dá muito trabalho! falando em trabalho, e já que você citou o "marketing agressivo", aproveito para admitir que estamos mesmo chutando até cachorro morto. vivemos uma equação estranha, como naquela situação mais estranha ainda: as cidades estão cada vez mais populosas e os cemitérios cada vez mais cheios -- mais vivos, mais mortos, menos vivos, menos mortos! traduzindo para a linguagem dos egos espectrais: quanto mais informação, mais desinformação, e é por isso que a gente precisa dar uma exagerada básica no briefing pra "gravar" a mensagem! ahn... na volta do feriado retomamos esse assunto. :P

Ane disse...

Querido Rogerio B de Brisa (?)

Pegando carona na tua resposta para Silvia... Olha só, aqui no Rio não tem esse tipo de feriadinho santo que tem ai, não. Aqui o povo trabalha, tá? Tá todo mundo ensaiando pesado lá na Sapucaí e os blocos de rua andam literalmente suando a camiseta.

Mas, ok...
Sobre essas coisas de escolha. Eu, que nunca fui boazinha, desde o início da hitória já tinha decidido que o pára-quedas era meu porque eu vi primeiro e azar do goleiro (incluindo velhinhas, grande-amor-atual e amigo bêbado).

Você tá louco? Fundar uma instituição religiosa justo num momento desses em que a Bispa mais sexy da parada está presa nos States com pulseira no tornozelo e tudo? Não, não... É um erro de estratégia.

Deixa o queijo pra lá! Vc podia ter lido não apenas a sinopse, afinal, o livro inteiro é do tamanho de algumas sinopses de outros bom livros. E tem letras enormes. Bem legal. Tipo: desnecessário. Fala sério... qdo a gente não sabe quem mexeu no queijo da gente, é melhor se jogar sem pára-quedas!!!

Tá, chega.
Deu.
Beijo. :o)*

sergio disse...

Pô. Essas mulheres já falaram demais. Então, recomendo o filme "Monalisa Desce a Escada", pule de 10 nas empresas de treinamento. Ou se você realmente quiser partir para a linha religiosa, o "Eu Almocei com Deus", de um sujeito chamado Athala Athala. O cara diz que Deus é tão bacana que não deixou ele pagar a conta.

Silvia Chueire disse...

e a gente sem feriado...ai.ai
só a prainha ali e o céu azul : )