08/05/2007

se existe uma coisa que me entristece, essa coisa é a minha total falta de conhecimento. preciso ler mais, pensei. comprei um livro de Luc Ferry. pour une initiation à la philosophie, pensei em francês — e quase caí da cadeira surpreso com minha evolução intelectual tão rápida e sem nenhum esforço. perfeito e justamente o que preciso! Luc Ferry é um francês, continuei pensando já um pouco preocupado — se continuar nesse ritmo em pouco tempo vou me transformar num filósofo. felizmente, na terceira página já estava com sono. Porto Alegre, maio, olhei pela janela o dia frio e nublado, ideal para ir ao cinema. fechei o livro.

na entrada do cinema, enquanto decidia mentalmente entre pipoca ou castanhas salgadas, a Janice apareceu do nada. seja quem for a Patricia, ela é uma dessas pessoas que classifico como de alto risco. alguém que lembra nomes e o que você fez no verão passado não pode ser normal. e ela lembrava meu nome e coisas que aconteceram no verão passado. a Adriana, saltitante e sorridente como um coelho, faz o tipo bem moderninha e acredito que os moderninhos transformaram o mundo num lugar piegas no volume máximo — "a vaidade, com certeza, é o meu pecado predileto", segundo Al Pacino no Advogado do Diabo. me livrei da Débora e entrei no cinema. Débora ou Adriana? ahn...

se existe uma coisa que satisfaz plenamente minhas ambições por diversão rápida e descartável, essa coisa é um filme de ação produzido pelos norte-americanos. absoluta falta de dramaticidade onde o que interessa são carros e prédios e cidades e planetas com pessoas e alienígenas e coelhos explodindo pra todos os lados. muitos efeitos especiais, sem culpas ou a preocupação do tipo "como vamos limpar essa sujeira toda depois?" um alívio para alguém que acabou de ler três páginas inteiras de um livro de filosofia e encontrou a Magali na entrada do cinema. mas não é que os caras transformaram um filme de ação num questionamento filosófico patético do tipo pour une initiation à la philosophie? alguém pode levar a sério o que o Homem Aranha tem a dizer ou está interessado no seu amadurecimento enquanto gente-humana-EMO-ou-sei-lá-o-que? o cara discute relação com a namorada, avó, amigo, colegas de trabalho, patrão, guarda da esquina, vilão e até com seu alter ego... não, não, não.

saí do cinema aborrecido precisando de uma dose urgente de açúcar. enquanto decidia mentalmente entre M&M's de amendoim ou chocolate, a Luiza apareceu do nada de novo — surpreendente essa mulher! e ela continuava falando sobre o mar e o sol e nomes de pessoas que lembravam vagamente alguma coisa relacionada ao verão passado. amendoim ou chocolate? fluidos não-newtonianos: basicamente, você enche uma piscina com água e maisena e vê o mingau que dá. minhas atuais dúvidas existenciais parecem bem razoáveis e equilibradas: The Sidewinder Sleeps Tonite, do REM ou Walking After You, do Foo Figthers? será que é muito cedo para escrever uma carta para o Papai Noel? amendoim! ando repetitivo? tudo bem, a auto-estima bate no teto, todas as contas pagas e uns pequenos luxos encomendados pela internet. suspiro! como Scaranzi se parece com aquela felicidade que sempre procurei. fim de semana, qualquer direção, feito bala perdida. o que você faz de novo mesmo que seja novo somente para você. óquei, sem conflitos. todos os dias o sol nasce e blá, blá, blá. e por falar em blá, blá, blá... como essa mulher fala! e qual é mesmo o nome dela?

6 comentários:

Anônimo disse...

não é só peter parker que anda com essa, ultimamente parece que tem sempre alguém disposto a discutir relação, qualquer relação, e transformam tudo em um drama mexicano...

teus textos são muito bons, tu escreve muito guri!!!

p.s. foo fighters E rem :)

Anônimo disse...

Karen,
é por essas e outras que adotei a seguinte postura: só discuto relação comigo mesmo. como nunca chego num acordo, coloco a culpa nos europeus e fica tudo tranquilo — estou pensando em escrever sobre aqueles bárbaros sofisticados já faz algum tempo. a grande vantagem em discutir a relação com você mesmo é que das duas uma: ou 1) você vira um paranóico ou 2) fica tão cansado das suas próprias convicções que ao encontrar qualquer pessoa que pense minimamente diferente acha o máximo! ou mais ou menos isso... não tenho muita certeza.
beijos guria!

Ane disse...

nem acredito que eu li tudo tudinho até o final... e como eu não moro mais em POA, não fui eu na entrada do cinema a te lembrar o que você fez no verão passado, nomes, lugares, pessoas, cagadas, beberagens etc e tal... mas podia ser, hein? sorte tua que eu falo pouco e venho aqui pouco pra te encher um pouco.

bom finde, vê se acha alguma coisa decente pra ver no cinema, tá?
beijo!

Anônimo disse...

Fui imprimir esse post e deu 5 folhas. hahahah

Deixei uma provocação pra você no papel de pão. :-)

abração!

Anônimo disse...

Ane e Sergio,
difamaçãooooo!!! não lembro de nenhum fato concreto ou circunstanciado, ofensivo para minha reputação ou que possa ser definido como crime, realizado no verão passado! e colei o post no Word e só deu uma página, nem vem! gostei da idéia do meme e vou repassar para toda minha geração, que tem como início da história o fim da história, mais precisamente nos anos 80. coisa muito complexa e com mania de grandeza, como podem perceber!

beijos e abraços!

Silvia Chueire disse...

De amendoim, o de chocolate é doce demais. : )


Beijos,
Silvia